Sobre como é impossível enaltecer a justiça sem prestar uma singela homenagem a Oxum
Ela aprendeu a se admirar quando finalmente descobriu que a fonte da sua enorme beleza não vinha só de si mesma, vinha do espelho da água, de sentir como as outras criaturas reagiam ao seu próprio jeito de retribuir o amor que vem do rio, o mesmo rio em que se lava e se mata a sede, o mesmo rio em que corre o sagrado sangue da vida. Ela aprendeu a se admirar quando finalmente o sol teceu de luz o sopro mais íntimo do seu desejo, pois só assim se habita um corpo capaz de irradiar a alegria que cura toda tristeza, ali mesmo onde a justiça costuma ser ainda simples ódio à injustiça, ali mesmo onde a justiça pode erguer-se então como um altar para o amor reencontrado.